domingo, 12 de julho de 2009

GRÁVIDA



A vida que trança meus cabelos
Tão alva e casta em ouros novelos
Faz de mim tão filha, tão reprodutiva

Do fruto que alimenta a raiz mais altiva
Do sal que sacia a sede, a fome
Que limpa o mau agouro do povo sem nome

A vida que ávida me entra
Traz a ternura em que o bem concentra
Traz a mão que afaga os ensejos
Da noite transpassada pela aurora que versejo.


Drika Duarte_almas brancas
A ROSA

Para onde vai a rosa quando morre
Em que finado vaso ela dorme
Qual caminho trilha, no conforme,
Para chegar a esta longínqua terra?

Creio, com dolência, que ela decorre
Dos céus como uma chuva em ritos
E neste mundo material descerra
O perfume onírico da celestial jura

De descer ao mundo dos aflitos
Para enfeitar os caminhos ermos desta tortura.
Creio ainda, que o espinho é como o corpo roto

Que envelhece e apodrece morto
E murchando em gritos a rosa se eleva à quimera,
Tal qual a alma sobe para a primavera que nos espera.


Drika Duarte_almas brancas

foto: Fábio Pinheiro